SER FELIZ É VIVER LOUCO DE PAIXÃO
Ao ver a aguerrida Denise, professora de Informática de nossa escola, louca de paixão por seu projeto “Memórias em Rede”,desenvolvido com os alunos através de um curso oferecido aos professores que iniciaram no ano de 2007 seu trabalho como professores de informática nas escolas municipais, decidi enlouquecer também participando do projeto, o qual contempla a seleção e capacitação de alunos-monitores, e a escolha de um tema tendo como base o pilar “memórias”.
Trabalho este que deve ser registrado passo a passo, em fotos, vídeos, relatos e toda aquela parafernália midiática disponível hoje no computador. Ela escolheu fazer as memórias do bairro do Tatuapé; a partir daí houve a necessidade de entrevistar moradores antigos. O primeiro morador indicado, faleceu um dia antes da entrevista. E foram acontecendo outros contratempos, até que eu tomei conhecimento do projeto, e, por estar convicta que a memória cultural de uma país é tão necessária quanto a própria existência da arte, com satisfações ímpares, aceitei.
Inicialmente, dei uma oficina de memórias para os alunos, que realizei apaixonadamente... e atuei também nos textos escritos. Assim foi nossa parceria.
Profa. Denise conseguiu junto aos alunos, revistas, encartes, textos e fotografias do bairro. Ela dividiu o trabalho em Famílias, Escolas, Indústria e Comércio, Ruas e Casas, e Clubes Esportivos. Fizemos o texto e ela escaneou fotos e montou em formato vídeo. O trabalho ficou “puro ouro” no caldeirão da escola brasileira. Foi nesse material que descobri muito da história do bairro do Tatuapé, que hoje tem 339 anos. Baseando-nos em ditos populares pode-se dizer que Tatuapé provém de conversa de caçadores que discutiam sobre a conveniência ou não de caçar o tatu a pé.
Do Tatuapé os índios piqueris, descendentes da nação guaianases, partiram para os sucessivos ataques ao colégio dos jesuítas, sede da nascente São Paulo. Alguma dessas ruas talvez seja antiga trilha do gentio, responsável pela denominação do rio “Tatuapé”, que significa o
” caminho do tatu”, na língua nativa.
Entre 1567 e 1593, aparece com a denominação de Piqueri, passando a ser conhecido em 1608 como Tatuapé. A ocupação efetiva na região ocorre no século XVII. Até meados do século XIX, a área permaneceu escassamente povoada, com uma economia de subsistência baseada na pequena lavoura e gado. A partir da segunda metade do século, a região passa por modificações, ocasionadas pelas profundas transformações porque passava a província de São Paulo, principalmente em razão da economia cafeeira.
Nos registros, consta que os imigrantes italianos, espanhóis e portugueses que povoaram a região, chegaram em meados de 1800.
O primeiro cônsul libanês na capital, foi instalado no Tatuapé, por volta de 1900.
A produção de café abre caminho para a construção de ferrovias as quais substituem o transporte de tração animal. Naquelas épocas, todo cocheiro, homem que dirigia carroça puxada por animais, possuía uma “Carta de Cocheiro”, que o autorizava a esse tipo de transporte.
Leitor, você sabia que o Tatuapé é considerado o berço da viticultura brasileira? Em 1884 o italiano Benedito Marengo trouxe consigo a técnica do plantio da uva, implementou-a no Tatuapé e fundou a Chácara Marengo, famosa por muitas décadas, devido à farta produção de uvas, de pêssegos, ameixas e pêras, que eram oferecidas não só para o mercado paulistano, mas para todo o país.
Nada foi tão marcante na sua formação quanto às olarias e os portos de areia às margens do rio Tietê. Historiadores do bairro afirmam que tijolos, telhas e areia que ergueram as casas da São Paulo do início do século saíram todos das hábeis mãos de oleiros tatuapeenses.
A indústria oleira propiciou o aparecimento de um outro ramo de negócios: a construção de embarcações para transporte do material de construção. Era o surgimento dos estaleiros, uma atividade permanente no Tatuapé durante quase meio século.
No início do século XX, foi inaugurada a linha de bondes ligando o centro da cidade à Penha. Em 1934 é criado o subdistrito do Tatuapé.
De suas pacatas chácaras do início do século, o Tatuapé caminhou a passos largos para a urbanização. A partir da década de 30, a feição bucólica do verde dos parques e o branco da areia do Tietê cedem espaço às indústrias, conjuntos residenciais, casas comerciais e de serviço. O bairro passa a ser cortado por vias, avenidas, ruas e viadutos.
O conde Francisco Matarazzo chegou ao Brasil em 1881 e teve sua chácara no Tatuapé conhecida como Piqueri, hoje Parque do Piqueri, e servia para o cultivo de verduras, frutas, criação de gado, granja, olaria e porto de areia.
Até hoje a linha de ônibus Tatuapé-Paraíso opera na cidade, e foi inaugurada em 1953. E em 1981 o metrô chegou ao bairro.
As primeiras escolas foram instaladas no núcleo do Tatuapé por volta de 1876.
O Tatuapé já teve mais de duzentos e cincoenta clubes de várzea, e o tradicional alvinegro Esporte Clube Corinthians Paulista, foi fundado em 1910 no Bom Retiro, vindo para o Tatuapé em 1926 e situado ali até hoje.
Atento leitor, esse trabalho do bairro alcançou substantivas qualidades em vídeo, e, para nossa surpresa, o Caderno Link do jornal “O Estado de São Paulo”, de 17/03/08 contemplou nossa escola em sua matéria http://link.estadao.com.br/index.cfm?id_conteudo=13271. Claro que ficamos efusivamente envaidecidos.
sábado, 16 de agosto de 2008
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