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Martha - Profª de Português,Espanhol,Memórias e Sexualidade. Raquel - Formada em Letras e pós-graduanda em Práticas e Vertentes do Ensino.

sábado, 27 de setembro de 2008

O Brasil de João de Santo Cristo, por Raquel Helena

A história é das mais comuns: um jovem deixa sua terra, sua família e parte em busca da realização de uma vida menos miserável, para encontrar um mundo bem diferente daquele que almejava. Em meio às dificuldades, a única opção é a criminalidade, que não oferece chance de redenção.
Atualmente, tal quadro pode ser identificado facilmente nas grandes cidades brasileiras. São muitos os que deixam o seio familiar e partem com o sonho de mudar de vida e a intrínseca promessa dessas melhorias se estenderem aos familiares. Porém, o trecho acima descreve a trajetória de João de Santo Cristo, personagem da música Faroeste Caboclo, interpretada pela já extinta banda Legião Urbana.
Composta em mil novecentos e setenta e nove e lançada oficialmente em mil novecentos e oitenta e sete no álbum Que país é este, a música de Renato Russo é atemporal. Depois de vinte e nove anos de sua composição, o cenário continua o mesmo, apenas as personagens se modificam com suas pequenas particularidades, o que nos faz questionar por que um país tão grande como o Brasil, em plena era tecnológica e globalizada continua tão desigual quanto o Brasil de João de Santo Cristo. Somos a sociedade da informação e do conhecimento, da democracia e do liberalismo econômico, recursos estes alcançados pela globalização. É assustador o número de analfabetos e miseráveis. A mesma globalização que trouxe riqueza informativa e avanços tecnológicos trouxe o desemprego e aumentou as desigualdades sociais de forma alarmante.
A reversão dessa situação, só será possível quando a globalização se estender ao ser humano para resgatar a solidariedade e outros valores já perdidos. É tempo de tornar a fome, a pobreza e a educação questões de interesse mundial para que não percamos a principal característica que nos torna humanos: os sentimentos. Esperamos um Brasil diferente do apresentado na música de Renato Russo, um Brasil que não espetacularizará a tragédia e onde os “João de Santo Cristo” sejam realmente personagens fictícios.

sábado, 20 de setembro de 2008

Capela Santo Antônio em São Roque - SP

Capela Santo Antônio em São Roque, maravilhosa!

Visita ao Itaú Cultural

Tecnologias digitais no ensino - por Martha e Raquel

Uma revolução no ensino está em andamento bem diante dos nossos olhos. Até então, éramos obrigados a adotar as mesmas metodologias disponíveis; tínhamos acesso às mesmas informações, aos mesmos produtos e, conseqüentemente, tínhamos apenas um modelo a seguir. Com o grande desenvolvimento das tecnologias, deixamos de dispor apenas de uma matriz que servia a todos para adentrarmos na era da personalização digital, regida pela indústria da informação e do conhecimento.
A mudança é na maioria das vezes inevitável. Imaginamos o comportamento dos seres humanos na época em que o automóvel foi inventado. A humanidade teve de se adequar a uma série de fenômenos significativos. Aos poucos, surgiram as estradas asfaltadas e os subúrbios. A vida foi se tornando mais acelerada. A poluição tomou proporções inimagináveis e passamos a depender do petróleo. Com as novas tecnologias não será diferente. Milhares de pessoas hoje podem acessar qualquer informação, se relacionar com pessoas através do teclado e da web cam sem sair de casa. Qualquer pessoa, assim como fazemos neste momento, pode difundir suas idéias sem necessitar de uma editora ou espaço em um jornal. A literatura que nasceu na internet não passa mais somente pela questão financeira e sim pelo cultural e criativo. O papel impresso já não é o único meio de se fazer os textos chegarem até os leitores. Pudemos comprovar isso na visita que realizamos ao Itaú Cultural, sob o comando do professor de Tecnologias da Informação e da Comunicação Aplicadas ao Ensino, Ênio. Na exposição, vimos que dentre tantos recursos digitais encantadores que podem ser adaptados ao ensino – como um programa interessantíssimo em que frases em outro idioma estão ligadas a símbolos.Funciona assim, quando tocamos os símbolos, ouvimos a leitura da frase e visualizamos sua escrita em português e no idioma original – ali estava um esboço do que serão os livros digitais.
Livros comuns que ao serem abertos, não inundavam nossos olhos com as palavras, mas sim nossos ouvidos com uma voz mansa e pausada que narrava tão conhecidos versos da Literatura – eis o novo cenário em que se propagará a leitura em nossas vidas, em nossas salas de aula. Vamos ainda mais além: imaginamos livros em que ao lado do texto integral de Machado de Assis, poderemos com apenas um toque na tela ter acesso à biografia do autor, características das personagens, aspectos importantes da obra entre outras informações que, atualmente, levantamos em pesquisas realizadas através de leituras ou da internet para complementação da leitura.
Entrevistamos o professor mestre em Cultura e Literatura Italiana pela Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da USP, Mauricio Hermínio de Camargo. Pedimos que falasse sobre a interdisciplinaridade que une a arte e as novas tecnologias:
"A arte, compreendida como representação da expressão humana, se comunica diretamente com as novas tecnologias, já que tanto a arte quanto a tecnologia concentram toda a diversidade do engenho e da fruição. A arte-educação se apropria de todo o contexto tecnológico ao compor um painel que envolve os elementos midiáticos à capacidade da arte de se utilizar das mais variadas formas de linguagem."
A EMEF Arthur Azevedo, localizada na cidade de São Paulo, tem trabalhado no novo processo de educação e deslocamento do conhecimento. Os alunos no laboratório de informática, criam histórias, desenhos e animação com os softwares educativos com figuras planas, paint e animação.
Acabam estudando a importância da arte, mesmo sem saberem, é um trabalho realizado de forma lúdica, da 1ª. a 4ª.s séries.
Os adolescentes, com a mediação da professora Denise Nakano e de alunos-monitores de informática, têm trabalhado a história da animação. Criam suas “animações”, usando a combinação de cores, tridimensionalidade e textos.
Com os programas Audacity e movie-maker, os alunos de 5ª. a 8ª.s séries produzem seus trabalhos.
Jogos educativos são usados de forma articulada com Matemática.
Este trabalho está integrado também com Artes, Português, História, Geografia e Ciências.
De acordo com o Caderno de Orientações para Tecnologias em Educação onde constam as orientações para a criação de desenhos no computador: "As artes visuais permitem a comunicação, e é uma das primeiras formas de linguagem utilizadas pela criança. O computador é um excelente recurso para o desenvolvimento dessa prática. Os alunos inspirados pelo olhar de um artista e utilizando sua técnica de criação, podem desenvolver habilidades, alfabetizando-se no código visual e enriquecendo suas produções."
Constatamos que esta escola não só reproduz, como também produz organizadamente conhecimento através das novas tecnologias digitais.
Caberá às escolas e aos professores se apropriarem das possibilidades das novas tecnologias criativamente, organizando, enriquecendo e redimensionalizando o ensino.

sábado, 6 de setembro de 2008

O Educador Reflexivo na Era da Globalização

Martha Catalunha Sertori
Raquel Helena Silva

Resumo: Este artigo tem como objetivo contemplar uma reflexão sobre a postura do professor ao pensar uma educação contemporânea em meio à globalização e à universalização do conhecimento.
Palavras-chave: professor, ensino, pensar, globalização.

Abstract: This article aims to offer a thought about the teacher’s approach upon thinking of contemporary education inserted in the globalization and universalization of knowledge.
Key-words: teacher, teaching, to think, globalization.

Introdução

A globalização, segundo Edgar Morin (2005), tem início “no século XVI com a conquista das Américas e a expansão das potências ocidentais da Europa sobre o mundo”. Para ele, a nova era planetária da globalização começou em 1990. Desde então, a humanidade dispõe de recursos antes inexistentes que promoveram, além da expansão da informação, avanços democráticos mundiais, liberalismo econômico, entre outros.
A autora Isabel Alarcão (2004) diz que vivemos em um mundo marcado por muita riqueza informativa, e somos a sociedade da informação e do conhecimento. Alinhada com Morin, afirma que só o “pensar” possibilita a organização do conhecimento.
Como observa Edgard de Assis Carvalho (MORIN, 2003):

Pensar dessa forma exige um tipo de pensamento policompetente e policultural, que destrone a razão fechada de sua arrogância e que perceba a cultura não como um mero processo cumulativo, mas como algo que se alimenta de ordens, desordens e reorganizações, por vezes aleatórias e imprevisíveis.

Por outro lado, a globalização movida pela hegemonia econômica, trouxe desigualdades sociais gritantes. Da mesma maneira, Jacques Poulain (2004) aponta os efeitos negativos dessa globalização, como a grande disparidade social, que pontua a dependência entre países ricos e pobres e a catástrofe do desemprego.


Educação como estatística e saberes necessários

Pensamos que, os efeitos desenfreados do capitalismo atingem a educação, pois muitos indivíduos - em nível mundial - não têm acesso a ela. Só no Brasil, de acordo com o Censo de 2002, o número de analfabetos absolutos constava por volta de quinze milhões, número assustador se comparado à população do Chile, que possui em torno de dezesseis milhões e meio de habitantes, conforme o site do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. “Tragédia” da qual a globalização não deu conta preponderantemente com grupos étnicos e sociais desfavorecidos. Portanto, a universalização do conhecimento não está contemplada neste modelo atual de globalização, que também ignora a qualidade de vida.
O desenvolvimento traz traços positivos e negativos, porque dá as costas à humanidade dos sentimentos, como o amor, o sofrimento, o afeto e a paixão. O desenvolvimento da civilização contemporânea marca o crescimento tecnoeconômico em oposição à fraternidade, à solidariedade, à comunhão e o conhecimento de si mesmo, os quais compõem a qualidade de vida e a condição humana.
Ao indivíduo que não comunga de um civismo planetário, impera sim, o antagonismo entre as sociedades e o individualismo ocidental. A indústria do lucro é iminente na globalização, causando também um caos planetário.
Para Morin, a separação dos conhecimentos no atual sistema educacional é inapropriada e medíocre, pois tudo está ligado com tudo, da mesma forma que na época mundial atual os pilares da civilização estão interligados. O conhecimento, por exemplo, se modifica dia-a-dia. Em 1978, a ciência surpreendeu o mundo com a concretização do nascimento de Louise Brown, o primeiro bebê de proveta concebido em laboratório. Essa realização só foi possível porque os cientistas engajados no projeto, não conheciam o sistema reprodutor feminino e masculino isoladamente, pois se assim fosse, teriam uma visão atrofiada do complexo fenômeno em questão. Certamente possuídos pela idéia que também os possuía desse inédito desafio, só possível porque eles estavam irmanados “numa espécie de comunidade do destino” (MORIN, 2006) e conectados no conjunto tecido com fios extremamente diversos, contextualizados e ligados aos sentimentos humanos no qual não apenas um conhecimento é pertinente e sim a contextualização de conhecimentos plurais somados à paixão e à afetividade na razão.

Considerações Finais

Em meio a uma sociedade que comporta uma Educação compartimentalizada, surge o questionamento sobre qual a postura do professor frente o “educar” para a era planetária. Uma das vertentes da globalização, até então, é buscar a obtenção de lucros. Questões sociais como a fome e a pobreza são abandonadas. Outra vertente da globalização é a “globalização humanista” (MORIN, 2006), a qual desenvolveu uma consciência planetária com a instituição de entidades humanitárias internacionais. Acreditamos que só através da Educação, da Escola e de Educadores que se posicionem como seres pensantes na era da globalização é possível reorganizar e modificar o quadro de desigualdades trazido pela globalização
Cabe aos professores adotar uma postura de “professores reflexivos”, que se envolvam em um constante processo de aprendizagem, através do qual estarão atualizados e preparados para levar o conhecimento até seus alunos. Concluímos de acordo com Alarcão (2004):

A noção de professor reflexivo baseia-se na consciência da capacidade de pensamento e reflexão que caracteriza o ser humano como criativo e não como mero reprodutor de idéias e práticas que lhe são exteriores. É central, nesta conceptualização, a noção do profissional como uma pessoa que, nas situações profissionais, tantas vezes incertas e imprevistas, actua de forma inteligente e flexível, situada e reactiva.

Multiculturalismo Brasil x Argentina