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Martha - Profª de Português,Espanhol,Memórias e Sexualidade. Raquel - Formada em Letras e pós-graduanda em Práticas e Vertentes do Ensino.

sábado, 6 de setembro de 2008

O Educador Reflexivo na Era da Globalização

Martha Catalunha Sertori
Raquel Helena Silva

Resumo: Este artigo tem como objetivo contemplar uma reflexão sobre a postura do professor ao pensar uma educação contemporânea em meio à globalização e à universalização do conhecimento.
Palavras-chave: professor, ensino, pensar, globalização.

Abstract: This article aims to offer a thought about the teacher’s approach upon thinking of contemporary education inserted in the globalization and universalization of knowledge.
Key-words: teacher, teaching, to think, globalization.

Introdução

A globalização, segundo Edgar Morin (2005), tem início “no século XVI com a conquista das Américas e a expansão das potências ocidentais da Europa sobre o mundo”. Para ele, a nova era planetária da globalização começou em 1990. Desde então, a humanidade dispõe de recursos antes inexistentes que promoveram, além da expansão da informação, avanços democráticos mundiais, liberalismo econômico, entre outros.
A autora Isabel Alarcão (2004) diz que vivemos em um mundo marcado por muita riqueza informativa, e somos a sociedade da informação e do conhecimento. Alinhada com Morin, afirma que só o “pensar” possibilita a organização do conhecimento.
Como observa Edgard de Assis Carvalho (MORIN, 2003):

Pensar dessa forma exige um tipo de pensamento policompetente e policultural, que destrone a razão fechada de sua arrogância e que perceba a cultura não como um mero processo cumulativo, mas como algo que se alimenta de ordens, desordens e reorganizações, por vezes aleatórias e imprevisíveis.

Por outro lado, a globalização movida pela hegemonia econômica, trouxe desigualdades sociais gritantes. Da mesma maneira, Jacques Poulain (2004) aponta os efeitos negativos dessa globalização, como a grande disparidade social, que pontua a dependência entre países ricos e pobres e a catástrofe do desemprego.


Educação como estatística e saberes necessários

Pensamos que, os efeitos desenfreados do capitalismo atingem a educação, pois muitos indivíduos - em nível mundial - não têm acesso a ela. Só no Brasil, de acordo com o Censo de 2002, o número de analfabetos absolutos constava por volta de quinze milhões, número assustador se comparado à população do Chile, que possui em torno de dezesseis milhões e meio de habitantes, conforme o site do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. “Tragédia” da qual a globalização não deu conta preponderantemente com grupos étnicos e sociais desfavorecidos. Portanto, a universalização do conhecimento não está contemplada neste modelo atual de globalização, que também ignora a qualidade de vida.
O desenvolvimento traz traços positivos e negativos, porque dá as costas à humanidade dos sentimentos, como o amor, o sofrimento, o afeto e a paixão. O desenvolvimento da civilização contemporânea marca o crescimento tecnoeconômico em oposição à fraternidade, à solidariedade, à comunhão e o conhecimento de si mesmo, os quais compõem a qualidade de vida e a condição humana.
Ao indivíduo que não comunga de um civismo planetário, impera sim, o antagonismo entre as sociedades e o individualismo ocidental. A indústria do lucro é iminente na globalização, causando também um caos planetário.
Para Morin, a separação dos conhecimentos no atual sistema educacional é inapropriada e medíocre, pois tudo está ligado com tudo, da mesma forma que na época mundial atual os pilares da civilização estão interligados. O conhecimento, por exemplo, se modifica dia-a-dia. Em 1978, a ciência surpreendeu o mundo com a concretização do nascimento de Louise Brown, o primeiro bebê de proveta concebido em laboratório. Essa realização só foi possível porque os cientistas engajados no projeto, não conheciam o sistema reprodutor feminino e masculino isoladamente, pois se assim fosse, teriam uma visão atrofiada do complexo fenômeno em questão. Certamente possuídos pela idéia que também os possuía desse inédito desafio, só possível porque eles estavam irmanados “numa espécie de comunidade do destino” (MORIN, 2006) e conectados no conjunto tecido com fios extremamente diversos, contextualizados e ligados aos sentimentos humanos no qual não apenas um conhecimento é pertinente e sim a contextualização de conhecimentos plurais somados à paixão e à afetividade na razão.

Considerações Finais

Em meio a uma sociedade que comporta uma Educação compartimentalizada, surge o questionamento sobre qual a postura do professor frente o “educar” para a era planetária. Uma das vertentes da globalização, até então, é buscar a obtenção de lucros. Questões sociais como a fome e a pobreza são abandonadas. Outra vertente da globalização é a “globalização humanista” (MORIN, 2006), a qual desenvolveu uma consciência planetária com a instituição de entidades humanitárias internacionais. Acreditamos que só através da Educação, da Escola e de Educadores que se posicionem como seres pensantes na era da globalização é possível reorganizar e modificar o quadro de desigualdades trazido pela globalização
Cabe aos professores adotar uma postura de “professores reflexivos”, que se envolvam em um constante processo de aprendizagem, através do qual estarão atualizados e preparados para levar o conhecimento até seus alunos. Concluímos de acordo com Alarcão (2004):

A noção de professor reflexivo baseia-se na consciência da capacidade de pensamento e reflexão que caracteriza o ser humano como criativo e não como mero reprodutor de idéias e práticas que lhe são exteriores. É central, nesta conceptualização, a noção do profissional como uma pessoa que, nas situações profissionais, tantas vezes incertas e imprevistas, actua de forma inteligente e flexível, situada e reactiva.

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